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terça-feira, 27 de abril de 2010

A fruticultura no Vale do São Francisco


Para contrapor o fenômeno das secas, que freqüentemente provocam perda da
produção agrícola na zona semi-árida do Nordeste, gerando grandes problemas sociais, o governo
tem implantado diversos perímetros públicos irrigados e promovido outros estímulos
governamentais para a iniciativa privada no setor agropecuário. Através dessas iniciativas, o
governo tem criado importantes Pólos de produção agrícola no que diz respeito às pequenas,
médias e grandes empresas de produção de frutas e hortaliças. A agricultura irrigada e, mais
especificamente, a fruticultura irrigada, promoveu um grande dinamismo na economia do Pólo na
estrutura urbana tornando-se o aglomerado urbano mais próspero do Vale do São Francisco. As
grandes mudanças dos sistemas produtivos de culturas anuais para fruteiras perenes, de
exportação, desencadeou no Pólo de Petrolina (PE)/Juazeiro (BA) demanda de outros
investimentos de apoio para a comercialização de frutas, motivando o Governo Federal a
financiar pesquisas, priorizando àquelas relacionadas com culturas de exportação, promover
cursos de especialização em comércio exterior e melhorar a infra-estrutura logística da região.
A fruticultura irrigada é o principal vetor do desenvolvimento do Submédio São
Francisco, notadamente das suas cidades Pólo, Petrolina e Juazeiro, que se constituem em
verdadeiros “paraísos” de desenvolvimento dentro do Semi-árido brasileiro. Isto porque com o
crescimento da fruticultura se desencadeou uma sinergia de crescimento em praticamente todos
os setores produtivos, como o industrial, comércio e turismo. O objetivo deste trabalho é analisar
a evolução do Pólo e pontos de estrangulamentos para a ampliação do desenvolvimento da
região.
1. INTRODUÇÃO
Para contrapor o fenômeno das secas, que freqüentemente provocam perda da produção
agrícola na zona semi-árida do Nordeste, gerando fome, desemprego e êxodo rural, o governo
tem implantado diversos perímetros públicos irrigados e promovido outros estímulos
governamentais para a iniciativa privada no setor agropecuário, consubstanciados na oferta e no
custo do crédito e condições de financiamento de investimento. Através dessas iniciativas, o
governo tem criado importantes Pólos de produção agrícola no que diz respeito às pequenas,
médias e grandes empresas de produção de frutas e hortaliças.
As cidades de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA) são centros de um pólo formado por mais
seis municípios. As duas cidades sozinhas são habitadas por cerca de 400 mil pessoas. A
agricultura irrigada e, mais especificamente, a fruticultura irrigada, promoveu um grande
dinamismo na economia e na estrutura urbana tornando-se o aglomerado urbano mais próspero
do Vale do São Francisco. Segundo Vergolino (1998), o PIB per capita de Petrolina saltou de 712
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dólares em 1970 para 1.474 dólares em 1993. A participação dessa cidade no PIB total do estado
de Pernambuco passou de 1,5% em 1970 para 3,5% em 1993.
O Pólo é local de atração tanto de investidores do exterior, de outras regiões do país,
como de migrantes das áreas secas do Nordeste. Desde o início da implantação dos perímetros
públicos irrigados, na década de 70, a média de crescimento populacional do município de
Petrolina têm sido sempre acima da média nacional (3,2% contra 2,5%). As grandes mudanças
dos sistemas produtivos de culturas anuais para fruteiras perenes, de exportação, desencadeou no
Pólo de Petrolina (PE)/Juazeiro (BA) demanda de outros investimentos de apoio para a
comercialização de frutas, motivando o Governo Federal a financiar pesquisas, priorizando
àquelas relacionadas com culturas de exportação, promover cursos de especialização em
comércio exterior e melhorar a infra-estrutura logística da região. O objetivo deste trabalho é
analisar a evolução do Pólo e pontos de estrangulamentos para a ampliação do desenvolvimento
da região.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
A metodologia de análise consistiu, essencialmente, de entrevistas com pessoas
conhecedoras da trajetória de desenvolvimento dos municípios e administradores de empresas do
setor agropecuário, coleta e análise de dados relativos as dinâmicas de evolução da agricultura
nos sete perímetros irrigados do Pólo (Maniçoba, Mandacaru, Tourão e Curaçá no estado da
Bahia e Nilo Coelho, Maria Teresa e Bebedouro no estado de Pernambuco) e revisão de
literatura. Seguiram-se as etapas:
a) Coleta de dados com os técnicos da 3a e 6a Superintendência da Companhia de
Desenvolvimento do Vale do São Francisco (CODEVASF), de Petrolina e Juazeiro, da
FAHMA Engenharia Agrícola Ltda. que fornece a assistência técnica aos colonos dos
perímetros de Juazeiro e do DISNC (Distrito de Irrigação do Perímetro de Irrigação Senador
Nilo Coelho,) em Petrolina;
b) Coleta de informações junto aos dirigentes do Aeroporto de Petrolina e dos Sistemas
Integrados de Comercialização do Vale do São Francisco (SICVALE);
c) Análise dos dados coletados, enfocando as trajetórias de evolução dos sistemas de produção e
comparando as dinâmicas de evolução dos setores produtivo familiar e das empresas;
d) Análise da especialização da infra-estrutura básica.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Quando da implantação dos perímetros irrigados em Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), a
partir de 1968 (Perímetro Irrigado de Bebedouro), as culturas mais exploradas eram as ditas
anuais (cebola, feijão, tomate, melão e melancia). A década de noventa foi marcada, no Pólo, por
uma mudança da agricultura em área irrigada, em particular, assistiu-se a uma dinâmica de
especialização regional na fruticultura perene irrigada. Na comparação entre 1991 e 1997, consta
que, em seis anos, as áreas exploradas com fruticultura perene passou de 14% para 47% das áreas
irrigáveis totais (Marinozzi & Correia, 1999).
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Em 1991, as empresas e os colonos estavam numa fase transitória, começando a introduzir
a fruticultura perene. A contribuição relativa das empresas e dos colonos, quando analisados,
verificou-se que, enquanto a área com fruticultura das empresas duplicou de 1991 para 1997
(passou de 16% para 32%); no caso dos produtores familiares (colonos), quintuplicou (passou de
13% para 68%). Em 1997, a área plantada com frutícolas pelos colonos era de 10.312 ha,
enquanto a das empresas era de 7.025 ha. Observa-se este comportamento também nas áreas
irrigadas gerenciadas pela iniciativa privada.
Quando o ano 2000 foi analisado constatou-se que, nas áreas de colonos a implantação da
fruticultura perene, principalmente das cinco mais importantes (banana, coco, goiaba, manga e
uva), é bem maior que nas áreas de empresa, em torno de 13.600 ha contra 7.750 ha. Verifica-se
que a maior área com estas culturas ocorre no perímetro Senador Nilo Coelho, onde possuía em
2000, 8.730 ha, nas áreas dos colonos e 4.037 ha nas áreas empresariais. As áreas com culturas
anuais permanecem em declínio, constatou-se uma área total plantada de 2.343 ha nos
estabelecimentos dos colonos e apenas 943 ha nas empresas (Quadro1). Observou-se também, no
ano 2000 em relação a anos anteriores, um crescimento com menor intensidade das áreas com
fruteiras perenes, com dedicação voltada mais para a elevação da produtividade e qualidade dos
frutos (Correia et. Al, 1999). Em levantamento recente nas casas de insumos de Petrolina e
Juazeiro, os gerentes das lojas informaram que a tendência de queda na venda de sementes das
culturas anuais é forte, devido a ocupação permanente das áreas com a fruticultura.

Fonte: http://www.pontal.org

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